Surfista conversou com a esposa sobre ser cremado antes de morrer: 'quero estar no mar', disse
10/07/2024
Willian Damasceno, de 31 anos, morreu enquanto trabalhava com o pai em Praia Grande (SP). Esposa disse que ele manifestou desejo de ser cremado, e não enterrado, e de ter as cinzas lançadas ao mar. Surfista que queria ser cremado e lançado ao mar tem desejo atendido após morte súbita
Willian Damasceno, o surfista que morreu após levar uma descarga elétrica, aos 31 anos, disse à esposa que não gostaria de ser enterrado caso algo acontecesse com ele. Ele comunicou o desejo de ter as cinzas lançadas ao mar meses antes de morrer em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Segundo Bruna Oliveira Damasceno, o marido disse que queria 'estar no mar'.
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Willian morreu na tarde de 22 de maio, enquanto trabalha com o pai em uma loja de conserto de eletrônicos no bairro Aviação. Em resposta ao desejo que ele tinha de ser cremado, familiares e amigos lançaram as cinzas dele ao mar, no último domingo (7).
Do relacionamento com Bruna, educadora física de 28 anos, ele teve uma filha que atualmente tem 2 anos e 10 meses. Quando manifestou a vontade de ser cremado, ele afirmou: "Deus me livre acontecer alguma coisa, só não me deixa dentro de um buraco. Eu quero estar no mar".
A conversa ocorreu quando os dois estavam em casa. A viúva recordou que o marido brincava com o padrinho da filha deles dizendo que, se algo acontecesse e ele morresse, o homem teria que cuidar da menina.
"Foi algo aleatório. Meu marido sempre conversou sobre tudo", disse ela sobre o pedido de cremação.
Bruna não estava pronta e nem esperava perder o marido, que era jovem e mantinha um estilo de vida saudável. No entanto, como ele sempre foi apaixonado por surfar, o fato de ele querer continuar na água não foi uma surpresa.
Perda e dor repentinas
Morador de Praia Grande (SP), Willian estava finalizando a faculdade de Educação Física
Redes sociais e Arquivo pessoal
Além de ser apaixonado pelo surfe, Willian estava terminando a faculdade de Educação Física e dando aulas no estágio. Desde os 18 anos ele ajudava o pai trabalhando em uma loja de conserto de eletrônicos no bairro Aviação.
Segundo Bruna, tudo aconteceu durante o expediente do marido. Ela afirmou que o atestado médico apontou uma descarga elétrica como possível causa da morte, mas ainda tem dúvidas porque o marido bateu a cabeça durante a queda.
“Foi tudo muito rápido. Meu sogro estava na loja com meu esposo, ele [sogro] tinha saído para ir ao banheiro e, em cinco minutos que meu sogro voltou, já encontrou meu esposo desmaiado”, disse.
Ainda inconsciente, Willian foi levado ao Pronto-socorro Quietude, onde, segundo Bruna, a morte foi confirmada. “Quando eu cheguei no hospital, o médico deu a notícia de que ele já chegou lá sem vida”, recordou.
'Não ia querer estar em outro lugar'
Em função dos trâmites judiciais, a cremação demorou um pouco para acontecer. Depois, Bruna esperou condições climáticas favoráveis e reuniu cerca de 80 pessoas, entre amigos e família, para se despedirem uma última vez no ambiente que ele mais gostava de estar.
“Se ele estava trabalhando, às vezes ele fazia o caminho mais longo, mas passava pela praia para ver como estava o mar. Então, a gente sabe que não ia querer estar em outro lugar”, disse a jovem.
Até agora sem entender ao certo o que aconteceu com o companheiro, Bruna encontrou força na filha do casal para seguir a própria vida. Atualmente, a pequena passa por acompanhamento psicológico e ajuda a acalmar a família quando as lembranças batem.
Em uma carta aberta ao marido, publicada no Instagram (veja acima), Bruna lamentou a partida de "um homem incrível, cheio de vida, cheio de sonhos, um pai sem defeitos, um marido espetacular". Apesar da dor, declarou: "Tenho certeza de que um dia nos encontramos novamente".
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